Entrevista com Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)
Material extraído do site:http://www.jornaldelondrina.com.br
Ensino aliado a psicopedagogos,
A formação do profissional, as técnicas de avaliação e intervenção e a presença da Psicopedagogia na escola, hospitais e nas organizações são assuntos a serem abordados nos próximos dias 4 e 5 de novembro, em Osasco (SP), durante o 2.º Simpósio Nacional de Psicopedagogia, que tem como tema “O Fazer Psicopedagógico na Contemporaneidade – o aprender e o ensinar em foco”.
A Gazeta do Povo conversou com a presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), Quézia Bombonatto, responsável pelo simpósio. Confira os principais trechos da entrevista:
A atuação dos psicopedagogos é relacionada principalmente aos problemas de aprendizagem?
A atuação vai além das questões relacionadas aos problemas de aprendizagem. Há a psicopedagogia clínica, a preventiva e a da pesquisa científica. O objetivo da psicopedagogia clínica é devolver ao estudante o desejo e as possibilidades de aprender. A intervenção psicopedagógica com pessoas portadoras de transtornos de aprendizagem apresenta características diferenciais em função do âmbito da intervenção: educativo, familiar e sociocomunitário. Pela pesquisa, o psicopedagogo está contribuindo para o fortalecimento da Psicopedagogia e aperfeiçoamento do trabalho. Atualmente, o campo de atuação está sendo pesquisado e ampliado para hospitais e instituições empresariais.
Quais são os primeiros registros de trabalho psicopedagogo?
Na França, no século 19, ocorreram as primeiras iniciativas para atender crianças com dificuldade de aprendizagem e o atendimento era feito por profissionais da Medicina, Psicologia e Pedagogia. Esta prática influenciou a Psicopedagogia na Argentina que, por sua vez, influenciou a prática psicopedagógica brasileira. Os problemas de aprendizagem foram inicialmente pesquisados na área médica e tratados por educadores especializados.
Quais foram as evoluções nessa área desde seu aparecimento?
A partir da década de 1980, ela evoluiu da compreensão da aprendizagem como produto para a visão de aprendizagem como processo. Seu objetivo era fazer a reeducação das crianças portadoras de deficiências e passou a ser a investigação da etiologia da dificuldade, seu significado para a criança e sua família, a sua modalidade de aprendizagem e reais possibilidades para aprender. Assim, passou a conceituar a aprendizagem e suas dificuldades a partir de uma interseção das contribuições tanto da Psicanálise, como da Psicologia, Pedagogia, Neurologia, etc. Seu objetivo passou a ser facilitar o processo de aprendizagem.
Como deve ser a participação da família no processo de atendimento psicopedagógico?
A família tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois o modo como os pais lidam com seus filhos pode ajudá-los no desenvolvimento das suas potencialidades e no relacionamento com o mundo. O relacionamento familiar, a disponibilidade e interesse dos pais na orientação educacional de seus filhos são aspectos indispensáveis de ajuda à criança. No processo de atendimento é possível despertar a sensibilidade dos pais para a importância destes aspectos, dando-lhes a oportunidade de falar sobre seus sentimentos e expectativas.
E como se dá a relação entre psicopedagogo e família?
A abordagem psicopedagógica com a família procura conscientizar e orientar os familiares sobre os transtornos de aprendizagem e suas características, enfatizando meios de ajudá-los a suportar e dar continência aos comportamentos decorrentes do social, da autoestima e da aprendizagem. Além de orientar a família para que possa oferecer segurança e ajudar a desenvolver na criança ou adolescente um alto nível de empatia e comportamento adequado.
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