Teste da Família - Projetivo



Cada um dos testes projetivos tem definido um tema como foco de investigação. Mesmo que possamos dizer que o objetivo principal é a identificação da modalidade de aprendizagem, o recorte de um tema favorece a objetividade da análise.
Na aplicação do teste da família estaremos investigando como se dá a relação entre seus membros como um todo, e individualmente.
Cabe aqui, entretanto, uma consideração sobre o conceito de família. A prática clínica tanto no nível público, quanto particular vem demonstrando que esse
conceito é relativo e, portanto, deve ser esclarecido do ponto de vista do paciente, antes da aplicação do teste.
O psicopedagogo deve ter claro de que família fala o seu paciente até mesmo para compreender as relações representadas no seu desenho.
Na atualidade a família deixa de ter o padrão convencional: pai, mãe, filhos. Com a nova ordem social está se instalando neste final de século podemos perceber que muitas outras famílias estão se tornando bastante comuns. Na classe de menor poder aquisitivo, podemos perceber que na maioria das vezes a família é representada por pai, mãe, filhos, primos, tios, avós, cachorro, etc. Essa representação, fruto da realidade vem confirmar o fato de que para maior garantia de sobrevivência econômica muitas vezes as famílias mais
pobres buscam a proximidade física com outros parentes, sentindo-se com isso mais seguras.
Por outro lado, as famílias com maior poder aquisitivo, podem ser decorrentes do segundo casamento de seus membros. Neste caso poderemos ter morando numa mesma casa, filhos do primeiro casamento do pai, filhos do primeiro casamento da mãe e filhos do casamento atual.
Além disso, as mudanças sociais pelas quais estamos passando reformularam o papel original do pai e da mãe. Dados do último censo mostram que atualmente 20% das famílias brasileiras, no mínimo, tem como chefe uma mulher.
Todas estas questões devem ser consideradas e compreendidas antes da aplicação do teste para evitar distorções na sua interpretação.
Procedimento:
Entregamos ao paciente uma folha de sulfite, sem pauta, colocando à sua disposição: lápis grafite, lápis de cor, canetinha, giz de cera, régua, borracha, apontador, etc. Em seguida solicitamos que desenhe uma família.
O tempo destinado ao trabalho será o necessário, não devendo, entretanto, superar uma sessão.
A solicitação de que se desenhe uma família e não a sua família, tem como objetivo liberar o paciente tanto no nível inconsciente quanto no nível crítico. Fica mais fácil falar da sua família se acreditar que está se falando de outra
família qualquer. Não podemos perder de vista, entretanto, que a família representada traz seu bojo a família do paciente. Ele estará representando ou a família real ou a família ideal.
Análise:
As relações estabelecidas entre seus membros poderão ser analisados após uma rápida e objetiva análise global do desenho. Nesta análise, devemos nos ater ao que está explicitado objetivamente sem inferências.
Podemos dizer que se trata de uma análise descritiva. Posteriormente pedimos para nomear cada um dos elementos ali representados, para falar sobre cada um deles e por último para contar um história sobre essa
família.
A interpretação deste teste levará em conta o referencial teórico e dados da Anamnese que poderão iluminar aspectos ambíguos colocados pelo paciente, servindo de apoio ao terapeuta.
A análise deste teste consistirá na interpretação psicopedagógica da representação dos membros dessa família: posição relacional, forma, tamanho de cada um dos personagens.
Devem ser observadas as características da representação gráfica de cada um, a ordem em que foram desenhados, como estão dispostos um em relação ao outro, se existe separação entre crianças e adultos, meninas e meninos, se estão representadas de alguma maneira as especificidades de cada um dos dois sexos, o esquema corporal.
Desenhos onde os personagens não possuem mãos pode ser indicativo de dificuldades relacionadas ao desenvolvimento do período sensório-motor, à possibilidade de entrar em contato com o objeto de conhecimento, ao comprometimento com o vínculo afetivo
mãe/criança.
A dificuldade em representar diferenças sexuais pode indicar dificuldades na elaboração da castração, dificuldades de classificação.
Da mesma forma a representação do tamanho dos personagens poderá revelar dificuldades na elaboração da questão edípica, dificuldades em lidar com seriação e ordenação, com a questão do reconhecimento de
hierarquia.
O esquema corporal empobrecido, sem detalhes, repetitivo, pode levar a hipótese de dificuldades relacionadas à construção de novos esquemas de ação, em lidar com a falta no sentido de reconhecê-la e superá-la.
Traços arredondados estão mais relacionados à figura materna, à afetividade, ao subjetivo. Da mesma forma, traços angulares podem indicar a questão fálica, masculina, cognitivo, razão.
Inúmeros sujeitos com distúrbios de aprendizagem relacionados à dificuldade no vínculo estabelecido com a mãe reapresentaram o tronco dos personagens cheio de pontinhos como se fossem pequenos botões, ( ..........) ou desenham apenas um ponto no lugar do umbigo.
Ambos os casos podem representar a dificuldade sentida em separar-se da mãe, ou da figura materna, causada inúmeras vezes pela ausência do pai, ou figura paterna, que tem como uma das suas funções fazer este corte do cordão umbilical emocional, inconsciente mãe/filho.

FONTE: Parte do curso da Pp Valéria (Curso de diagnóstico).

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