Como detectar os problemas de aprendizagem?
Durante
algumas semanas conversamos sobre problemas de aprendizagem. Mostramos como
eles se apresentam e que dificuldades trazem. Mas, fica uma questão... Será que
dá para intervir ou ao menos notá-los antes de eles realmente estejam
dificultando (e muito) a vida escolar e social de nossas crianças?
Pais
e professores atentos realmente notam que algo está diferente com seus filhos e
alunos, mas o problema pode passar desapercebido, pois muitas vezes os
professores tem receio de serem mal interpretados pelos pais,(sendo acusados de
perseguição ou mesmo de criticar a criança), pelo fato de terem salas
absolutamente lotadas ou pela falta de conhecimento destas problemáticas. Pelo
lado dos pais, é difícil enxergar que seu filhote, a melhor parte de si mesmo,
pode ter alguma dificuldade, além do mais, o trabalho, trânsito e outras
atividades cotidianas tendem a tomar muito o tempo dos pais, que acabam por não
perceber as mudanças no comportamento da criançada o que pode demonstrar que uma dificuldade
está se instalando.
Muitas
vezes esperamos tempo demais para que a criança ‘tenha o seu tempo” e nesta
caminhada, aí se vão 1,2 ou 3 anos de dificuldades escolares até que o aluno
seja levado para a avaliação de um profissional especializado. Este tempo de
demora, ataca fortemente a autoestima da criança, aumenta a frustração, a
envergonha diante de colegas de classe (e muitas vezes até diante de irmãos,
primos e outros familiares), o que piora mais e mais sua trajetória escolar,
tornando a reabilitação mais demorada e custosa.
Desde
a mais tenra infância é possível notar alguns déficits que, mais tarde, podem
prejudicar o andamento escolar. A criança falou, andou ou compreendeu as
conversas mais tarde do que todas as outras que você conhece? Na pré escola,
tem dificuldade em discriminar letras, cores, tamanhos, entre outras
atividades? E sua coordenação motora, é boa? Corre, chuta, pula igual seus
amiguinhos? Todos estes aspectos não são
“itens de desespero”, já que há um período onde se espera que as crianças
atinjam competência para estas atividades, mas não se pode deixar passar muito
tempo.
Há
também um complicador. Nem sempre as crianças que tem algum problema de
aprendizagem mostram insucesso em todas as atividades, ou seja, pode contar os
carrinhos otimamente bem, mas não consegue escrever, pinta que é uma beleza,
mas a leitura é um caos. Esta inconsistência pode se apresentar até numa mesma
matéria. A criança pode amar Geografia em uma semana e na outra odiar pois se antes
era avaliado oralmente, terá que expor seus conhecimentos no papel. Tudo isto
pode ser mais dificultado pelo fato de pensarmos que só é necessário que a
criança “se esforce mais” que tudo voltará ao normal.
Outras
dicas poderão ajudar a pais e professores a olharem com mais carinho e atenção
para nossas crianças e notarem se algum problema de aprendizagem está a
rondando:
*Aquela
criança que sempre amou ir para o colégio passa a reclamar de dor de cabeça,
dores de barriga, gripes, tudo para não freqüentar mais a escola ( e um adendo
– estas queixas muitas vezes não são mentiras ou frescuras, a criança, pela
ansiedade de ser criticada ou de não entender a matéria apresenta estes
sintomas mesmo).
*Seu
filho sempre contava com alegria o dia na escola e agora só responde
monossilabicamente como foram suas atividades?
Fique atento.
*A
professora sempre enviava muitas tarefas diárias e agora a criança diz que as
fez todas na escola?
*A
criança reclama muito da dificuldade que encontra ao fazer as tarefas ou vai
deixando de lado a atividade de sentar e fazer a lição para se atentar a
qualquer outra coisa?
*Começa
a se queixar da escola, os amigos não são mais legais, a professora é chata, a
sala de aula é quente... Qualquer coisa é motivo de reclamação.
* A
criança esconde cadernos ou as atividades que executa na escola, com vergonha
de explicitar seu ruim desempenho.
Obviamente
estes são pontos de atenção, vale a pena serem investigados, mas inicialmente
não devem gerar preocupação extrema. Quem tem filhos adolescentes
principalmente sabe o quanto estes comportamentos são comuns nesta faixa
etária, mas nas crianças menores devem ser olhados com um pouquinho mais de
atenção. Os pais tendem a achar que os filhos adolescentes tão tem problemas na
escola, e sim, suas dificuldades apresentadas são apenas fruto de preguiça,
outros interesses ou falta de emprenho. Não é bem assim, se achar que é
necessária uma boa conversa ou uma avaliação por um profissional especializado,
entre em contato com a escola e com seu filho.
Como
sempre enfatizo, a escola é o segundo lar de nossas crianças. Professores e
coordenadores em sua maioria querem é ajudar a entender o que se passa com seus
alunos. Vá às reuniões, ouça professores, amiguinhos, outros pais e seu próprio
filho. Eles poderão dar a você pistas que algo não vai bem e assim você poderá
ajudá-lo de forma rápida e eficaz.
Por Vivian Camila
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