Depressão e rendimento escolar
Para
começar nosso bate papo, vamos falar um pouco sobre depressão na infância e na adolescência. Você
pode pensar, “Mas o quê? Criança lá tem preocupação para ter depressão? E o
adolescente? É chato por natureza, não é depressivo, não. Isso é frescura.”
Para
que as informações sejam baseadas em dados científicos, um estudo da Unifesp
(Universidade Federal de SP) entitulado Segundo Levantamento de álcool e drogas
indicou que, no Brasil 21% dos jovens entre 10 e 19 anos apresentam sintomas
depressivos. A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que entre as pessoas
de 10 a 19 anos esta seja a principal causa e doenças em nossos jovens.
Outros
estudos indicam que 77% dos adultos que tem depressão apresentavam os sinais na
infância e na adolescência. Segundo dados das pesquisadoras Sheila Abramovitch
e Lilian O e C de Aragão, a prevalência de depressão no pré-púbere (9 a 12 anos)
é de 2% e no adolescente de 6%. E pasme! Uma depressão não tratada pode ser a
causa de um suicídio (que é a terceira causa de morte nos jovens de 15 a 19
anos, segundo a OMS).
Mas
qual são os sintomas que meu filho pode apresentar? Vamos citar alguns deles:
*Hostilidade/agressividade
*falta
de vontade de fazer atividades que antes gostava
*angústia/desesperança
*alteração
de sono (para mais ou menos)
*alteração
de apetite (para mais ou menos)
*apatia
*reclamação
de dores e cansaço
*sentimento
de culpa
*desatenção
*pessimismo
*angústia
*autoimagem
negativa
Você pode pensar, mas meu filho adolescente é exatamente
assim... Obviamente a adolescência é uma época de mudanças e descobertas que
nem sempre são tão fáceis . O adolescente tem ganhos de responsabilidades,
perde seu corpo conhecido, perde a imagem de super-heróis que tinha de seus pais, conhece um grande amor
e o perde também..., entende que o mundo não é tão bonito assim e por aí vai.
Sem
contar as mudanças hormonais que ocorrem nesta fase. Portanto alguns momentos
mais depressivos são de certa forma até esperados, mas se durarem por muito
tempo, estiverem presentes em quase todos os ambientes que o jovem se encontre
e perdurem por muitos dias na semana se faz necessária uma avaliação de um
psicólogo ou psiquiatra. Portanto, os pais e professores devem atentar-se.
A depressão é uma doença de cunho multifatorial, mas
alguns acontecimentos podem ser vistos como fatores de risco, entre eles:
*Caso anterior de depressão
na família
*pouco suporte familiar e
social
*estresse severo
*outras perdas (separação
dos pais, mudanças de escola, de residência)
*doenças (em si ou na
família)
*dificuldades psicossociais
crônicas, como o bullying por exemplo.
Mas o que tudo isto pode intervir no desempenho
escolar? Um jovem ou criança com
depressão apresenta alterações na atenção, na memória, e nas funções executivas
(as quais usamos para entre outras coisas, planejar as atividades). Isso por si
só já prejudicaria - e bem – as tarefas na escola. Some-se a isto a autoestima
lá embaixo, o que pode fazer com que fique mais distante dos colegas (quando
estes o ridicularizam...), além dos pensamentos e coração que estão nublados
por sentimentos de tristeza... Quem
passando por uma situação destas consegue aprender Português, Matemática,
História, Geografia ou qualquer outra coisa?
Deprimido, ele pode se afastar da escola, isolar-se ainda
mais dos amigos, abusar de substâncias lícitas e ilícitas (cigarro, álcool,
drogas), e não demonstrará interesse de participar de atividades escolares ou
sociais. E isto é extremamente prejudicial!
Portanto, a depressão na infância e adolescência é séria
e pode sim comprometer muito o desempenho de nossas crianças na escola e
prejudicar muito o futuro delas. Acompanhe sua criança e adolescente na escola.
Vá às reuniões, saiba as suas notas, observe como se relaciona com os colegas,
se faz as tarefas e de que forma as executa, converse com professores,
coordenadores , colegas da criança e com os pais. Envolva-se no desenvolvimento
escolar de seu filho. Vale a pena este cuidado.
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